quinta-feira, 1 de maio de 2014

#207 - Marcha Fúnebre

Era um jovem cheio de sonhos e bastante independente. De início, pensou em constituir família, mas sempre pensou em ter alguém especial do seu lado. Não! Ele nunca se conformou com o trivial, com o comum, sempre quis mais, mas sem querer passar por cima de ninguém. Sem muito problema, aprendeu a ser ético e sempre buscou ser amigo de todos. Ainda assim, sofreu todo tipo de constrangimento na escola, o famoso "bullying" dos dias atuais. Não era chamado para os jogos, não tinha muitos amigos e seu senso ético fazia com que outras pessoas se afastassem dele. Sempre recebeu muito bem seus coleguinhas em casa, todavia não era incomum alguém convidá-lo a retirar-se da casa quando não concordava com os termos do dono (geralmente para prejuízo próprio).
Foi crescendo e sob o assédio do primo mais velho, conheceu de maneira prematura o sexo, ainda sem entender como a coisa funcionava. Chorou várias vezes, tanto no ato (ainda que sem penetração) quanto mas várias vezes que foi ameaçado pelo primogênito.
Com a chegada da adolescência e descoberta do corpo, manteve um relacionamento de mais de quatro anos com outro primo e então descobriu o verdadeiro prazer do sexo. Teve poucas namoradas, menos ainda transou com mulheres haja vista ter descoberto sentir muito mais prazer com homens, porém nunca traiu suas namoradas com outras meninas ou meninos. Apesar dessa fase "bissexual", jamais assumiu-se para si o gosto por rapazes e menos ainda gostava dos assumidos e efeminados. Até que um dia, vagando pelo chat do UOL, apaixonou-se por um rapaz encantador. Branco caucasiano, cabelos negros, magro e com uma voz doce, aos poucos fez com que ele "saísse do armário", no sentido mais literal do termo. Não mudou seu modo de ser com ninguém, mas passou a enxergar outras pessoas de maneira igual. Se por um lado a paixão não foi correspondida, por outro lado o respeito ao próximo ficou latente. O sofrimento durou pouco tempo e logo ele, recém "saído do armário" estava flertando com uns e outros, satisfazendo-se as vezes com os profissionais do sexo, com a ressalva de que nem todos lhe proporcionaram o prazer desejado. Apesar de viver uma fase de intenso prazer e aventura sexual, namorou poucos rapazes, uns 3 no total. Sempre manteve-se fiel em todos os relacionamentos, mas por um motivo ou outro eles terminaram e o mais longo durou mais de 5 anos. Foi muito bom, mas ainda faltava algo: mais presença, tanto física quanto espiritual. Enfim... águas passadas não movem moinhos. O carinho por todos os ex e pelas ex sempre foi normal, pois sempre os viu como pessoas especiais que passaram por sua vida.
Sua vida estava normal, tudo caminhando dentro do possível até que um rapaz simpático, com um sorriso sem igual e de um encanto de deixar qualquer pessoa imóvel. A conversa foi fluindo, as palavras aparecendo e algo de incomum havia nessa amizade. Até que um dia, descobriu-se apaixonado por esse "anjo". E mais uma vez, do nada, o "anjo" bateu asas e abandonou tudo, inclusive a amizade por ele. E qual a surpresa em saber que há muito mais do que os olhos vêem, mas o sofrimento é latente, as noites já não são mais bem dormidas e as lágrimas não cessam e os dias têm sidos de sofrimento. Não há mais vontade de ficar, o mundo de sonhos daquele jovem ficou em tons escuros, variando do negro ao cinza e a esperança jaz quieta, sem incômodo algum.Se vai ficar ou vai partir, o recado está dado e só Ele sabe o dia de amanhã.
¿Beijos!

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